Em artigo recente, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Jaime Spengler, compartilhou uma profunda reflexão sobre o novo momento vivido pela Igreja com a eleição do Papa Leão XIV, ocorrida em 8 de maio. Tendo como ponto de partida o lema do novo pontífice — “No UM somos um!” — o texto propõe um olhar esperançoso, mas realista, diante dos desafios contemporâneos e do caminho sinodal que marca a vida da Igreja.
Spengler destaca que a esperança cristã não ignora as contradições e polarizações do mundo atual, mas, ao contrário, se lança em direção ao futuro com coragem e abertura à graça. “A esperança implica um inclinar-se para frente, um procurar ver mais longe”, escreve o cardeal, ressaltando que o sujeito dessa esperança é sempre um nós, uma comunidade em caminho.
Dom Jaime menciona os sapatos gastos levados por Papa Francisco ao túmulo do apóstolo Pedro — um gesto que, segundo ele, simboliza uma Igreja próxima dos pobres, comprometida com a vida, com a ecologia e com a missão evangelizadora. O novo Papa, afirma o cardeal, acolhe esse caminho e o reafirma com centralidade em Cristo.
O artigo também retoma as provocações do último Sínodo, que propôs à Igreja uma conversão profunda, gerando desconfortos, mas também esperança. “É preciso ser uma Igreja samaritana e em saída numa sociedade marcada pelo secularismo”, aponta Spengler, destacando a importância da escuta, da empatia e da fidelidade ao Evangelho.
Ao tratar dos desafios atuais, o cardeal reconhece a urgência de comunicar a fé de forma nova, dialogando com as linguagens e lógicas das novas gerações e com a diversidade cultural e social do mundo. Nesse sentido, ele alerta para os riscos dos fundamentalismos e radicalismos, que afastam a Igreja de sua missão essencial.
Para o cardeal, o novo pontificado será chamado a promover “transparência, eficiência e construção de pontes”, em fidelidade ao Evangelho e em sintonia com os apelos do Sínodo. “Provavelmente, fazem-se necessários ajustes e correções”, afirma. No entanto, ele reforça que comunhão, participação e missão devem ser os imperativos que guiam esse tempo.
Concluindo com um desejo de fé e confiança, Spengler pede que o magistério de Papa Leão XIV seja marcado pela coragem de Paulo e pela sensibilidade de Pedro, confirmando na fé os irmãos e irmãs de todos os povos e tempos.
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Fonte/CNBB